De Brasília ao Bronx, o hip-hop é ouro!
Movimento completa 50 anos de história e transcende os limites das ruas para ocupar a mídia, o mercado cultural e os estudos acadêmicos.
Texto: Thiago Flores | 13 nov. 2023
Deve existir, mas é difícil imaginar, alguém que nunca ouviu um rap na vida, mesmo que de longe. Também é pouco provável que o habitante de um grande centro urbano nunca tenha observado um DJ manipulando um toca-discos, uma pessoa dançando break ou um muro com grafites e pixações. Essas manifestações fazem parte do hip-hop, movimento que comemora meio século de existência em 2023.
A cultura hip-hop, entretanto, vai além da união do rap (DJ+MC), do break e do grafite. É um sistema compartilhado de crenças e mentalidades, um estilo de vida. Mistura arte, pensamento social e protesto.
“O hip-hop é uma consciência coletiva, que não está limitada a qualquer realidade física e transcende o tempo e o espaço. Quando essa consciência é colocada em ação, vira cultura. Quando a cultura está em ação, gera produtos”, define KRS-One, referência do movimento.
Muita coisa tem sido feita ao redor do mundo para celebrar a cultura. Em Brasília, o hip-hop recebeu o título de patrimônio cultural e imaterial do Distrito Federal, oficializado pela Lei nº 97/2023, de autoria do deputado Max Maciel (PSOL).
“É um início para os processos de preservação e valorização do movimento e da cultura negra. Contudo, mais do que a lei, é importante disseminar nas escolas, nos movimentos sociais e na sociedade que o hip-hop é um movimento cultural importante”, destaca o parlamentar.
O Distrito Federal ilustra como o hip-hop se espalhou globalmente, desenvolvendo identidade própria em arranjos criativos com o cenário local. Os fluxos pelo planeta combinaram diferentes influências socioeconômicas, heranças culturais e trajetórias individuais para construir uma história plural, na qual a coletividade se impõe poderosamente.
A historiografia tradicional aponta para os Estados Unidos, mais precisamente para o Bronx, periferia da cidade de Nova Iorque, como palco da origem do hip-hop, no início dos anos 1970.
Fora da ilha de Manhattan, o precário bairro abrigava as comunidades negra e latina. Como outras quebradas nova iorquinas, enfrentava problemas como violência e tráfico de drogas, ao mesmo tempo que vivenciava uma efervescência social e cultural.
Salões comunitários, ginásios, residências e esquinas recebiam as block parties, festas nas quais eram instalados paredões de caixa de som. Tocava-se hits do funk, do soul, da discoteca e do reggae enquanto a galera dançava e mandava recados pelo microfone. Contornos do que viria a ser o hip-hop.
PADRINHOS DO MOVIMENTO
Apesar da dificuldade de destacar as participações individuais desse processo gradativo e complexo, três personagens dividem o título de patronos da cultura, por motivos distintos, mas interligados.
Kool Herc, nascido Clive Campbell, era DJ e promovia festas no Bronx. Nesses rolês, apresentou uma manobra pouco conhecida: escolheu um trecho instrumental de determinada canção (break) e o repetiu alucinadamente, criando uma nova melodia. O público, então, meteu dança. Vez ou outra, alguém pegava o microfone para saudar os amigos, fazer piadas ou provocações.
A técnica marca o nascimento do rap e a popularização do breakdancing, performance artística que se alastrou pelos guetos locais. Grupos de dança (crews) se formaram por toda a cidade, redecorada com mensagens políticas e desenhos feitos com spray em muros, vagões de metrô e ônibus. B-boys e b-girls (break boys e girls) se enfrentavam nos passos, animados pelo MC e pelas manipulações dos discos do DJ.
É nesse ponto que se insere o segundo personagem dessa tríade fundadora. Habilidoso e inventivo, o DJ Grandmaster Flash levou o deejaying a outro patamar. Em suas mãos, o tocadiscos era um instrumento musical, não um mero reprodutor de sons. Ele desenvolveu técnicas que revolucionaram a musicalidade da época, definiram o rap como gênero e influenciaram várias gerações de DJs e produtores musicais.
O terceiro vértice dessa história é Afrika Bambaataa, DJ, produtor musical e cultural, líder comunitário. Filho de uma ativista da luta pelos direitos civis estadunidenses, ele decidiu combinar as duas grandes potências do movimento nascente: a criatividade artística e o poder de mobilização social.
Ele fundou a Zulu Nation, primeira organização comunitária a tratar o hip-hop como a união de dança (break), música (DJ+MC), artes visuais (grafite) e ativismo político potente e provocador. Em 2016, Bambaataa renunciou ao cargo de líder da ONG após denúncias de abuso sexual e tráfico infantil. Os processos ainda correm na justiça estadunidense.
O trabalho da Zulu Nation foi apostar na arte como caminho coletivo para a transformação social e, assim, utilizar as batalhas de break para apaziguar tretas entre as gangues que aterrorizavam Nova Iorque. Quem vencia a disputa artística era declarado vencedor e o conflito ficava para trás.
O método funcionou e inspirou. Bambaataa se consagrou como um dos mais influentes DJs e produtores musicais da história, com inúmeros clássicos do rap, do funk e da música eletrônica; tornou-se embaixador do hip-hop por seu discurso de ação coletiva, paz e justiça social.
A cultura hip-hop vai além da união de rap, break e grafite. É uma consciência coletiva, um sistema compartilhado de crenças e mentalidades. Um estilo de vida.
O MERCADO DO HIP-HOP
O hip-hop desenvolveu-se nas quebradas dos EUA de forma orgânica, horizontal e com forte base comunitária. Mas a indústria fonográfica e seu aparato mercadológico mudaram o movimento no fim dos anos 1970.
Até então, o responsável pelas mixagens e efeitos sonoros (DJ) era o centro das festas. Ele fazia a galera dançar e inventar manobras nas pickups. As rimas, pensadas na hora, valorizavam o DJ e animavam as pessoas.
A indústria fonográfica inverteu a interação e, nas gravações, o DJ começou a atuar em função do MC (mestre de cerimônias), ofertando a base rítmica e melódica para o cantor brilhar. As rimas passam a ser compostas especificamente para cada faixa.
O formato MC+DJ provou ser um sucesso e inseriu o hip-hop com força na indústria cultural dos EUA nos anos 1980. O termo rap vira acrônimo para ritmo e poesia e se torna símbolo da cultura.
A partir daí, a identidade hip-hop toma a cultura pop estadunidense. São lançadas obras de artistas que ocuparam o topo das paradas: Whoudini, Run DMC, Public Enemy, Rakim, NWA.
A circulação global de outros símbolos consolida a estética da cultura. É o caso dos filmes Wild Style (1983), Flashdance (1983), Beat Street (1984) e A Loucura do Ritmo (1984); da música, da dança e do visual de Michael Jackson em Thriller (1982); dos agasalhos Adidas; e dos tênis Adidas Ivan Lendl, Top 10 e Superstar.
HIP-HOP NACIONAL
O Brasil esperou 10 anos para perceber as primeiras manifestações do movimento. Assim como nos EUA, a dança se desenvolve primeiro, associada ao trabalho dos DJs.
Durante os anos 1960 e 1970, o território nacional vivencia a disseminação dos bailes Black, do movimento Black power, do funk e do soul. O break dá seus primeiros passos no seio desses eventos, que combinavam diversão, cultura e ativismo político.
A popularização do breakdancing, do grafite e do rap cresce com a chegada das primeiras notícias, vídeos e documentários em português sobre a experiência norte-americana. Em diversos estados começam a se formar cenas de hip-hop, com grupos e características próprias.
A Estação São Bento, no metrô de São Paulo, é um dos primeiros palcos do movimento no país e reuniu as batalhas de break capitaneadas por pioneiros como Nelson Triunfo. No local, nomes consagrados iniciaram suas trajetórias: Racionais MC’s, Os Gêmeos, Thaíde & Dj Hum.
Progressivamente, o rap gringo se difunde nas festas, rádios e televisões, instigando os MCs daqui. Encantados com o ritmo e vislumbrando o potencial comercial do gênero, os donos de equipe de som, organizadores dos grandes bailes Black, adentraram a indústria fonográfica e foram os responsáveis pelos primeiros lançamentos nacionais, a partir de 1986.
Inaugurava-se o braço comercial do rap brasileiro. Diferentemente do que se imagina, as primeiras músicas do gênero no Brasil não tinham o protesto como marca principal. A dimensão festiva da cultura hip-hop se manifestava com mais destaque nas composições, com letras divertidas e bem humoradas em cima de batidas dançantes.
É nos anos 1990 que o rap nacional assume a identidade que o consagraria na indústria cultural, na mídia e no imaginário popular. O estilo alegre e despojado das músicas deu lugar às batidas graves e pesadas e às letras centradas na crítica social.
O Brasil dos anos 1990 é um cenário de terra arrasada: caos social, abandono da população mais pobre, grave insegurança alimentar e crescimento da violência. Se hoje existe algum grau de preocupação da sociedade em relação às desigualdades, no passado não era assim. Se vozes e temáticas negras e periféricas alcançaram espaço importante na vida política, econômica e cultural, há 30 anos isso era quase impossível.
O rap nacional se dissemina influenciado pelo gangsta rap americano, vertente mais agressiva e visceral do gênero. Os artistas passam a denunciar, em forma de poesia rimada, o contexto de injustiças, invisibilidade social, violência e opressão. E a música vira instrumento para apresentar ao país uma visão de mundo até então pouco conhecida.
A VOZ DAS PERIFERIAS
O hip-hop desempenhou papel fundamental na conscientização social, racial e política do povo periférico e negro, e nos processos de formação de identidade, emancipação crítica e construção de autoestima entre os jovens.
Foi o caso de Rei, expoente da cena de rap do DF nos anos 1990. Em entrevista à pesquisa PESO – Caminhos do Rap do DF, ele conta das humilhações sofridas por ser negro. “Ficava perdido: ‘Como eu vou fazer? Cabelo crespo, pele escura’.”
O líder do grupo Cirurgia Moral relata que ia com o pai taxista a uma banca de revistas na área central de Brasília. “Numa dessas, vi uma revista que tinha uns caras negão! E eles eram rappers. Altos caras da minha cor, com corrente de ouro, bem-vestidos. O único preto em capa de revista que a gente via era o Pelé. Aí eu falei: ‘eu vou ser um cara desse’.”
O impacto também se manifestou nas interações territoriais e comunitárias. À pesquisa PESO, Japão afirma que o movimento despertou seu orgulho de ser de uma região periférica de Ceilândia.
“Eu morava na expansão do Setor O. As pessoas iam para as festas no Plano Piloto […], mas ninguém falava que morava [lá] porque tinha vergonha. Até que surgiu o Câmbio Negro”, referindo-se à banda de rap.
O homem de frente do Viela 17 cita a música Careca Sim e Daí, do álbum Sub Raça (1993): “‘Sou negão careca da Ceilândia mesmo, e daí?’. As pessoas não têm noção do baque disso. Imagina […] você ver um cara bater no peito e falar: ‘tenho orgulho de ser daqui’. Botamos fogo no bagulho. Escrevemos muita música sobre a Ceilândia.”
HIP-HOP STUDIES
A forte identificação da quebrada com a cultura e as reflexões do movimento hip-hop assentou o rap, o break e o grafite como conhecimento produzido pelo povo preto e periférico. Esses saberes e seus impactos na sociedade atraíram a atenção da ciência. As investigações foram produzidas não só por acadêmicos, mas por jornalistas, artistas, produtores e fãs.
As primeiras pesquisas, ainda na década de 1980, relatam o surgimento de cenas de rap nos mais variados lugares e contextos, em produções que indicam o caráter global do movimento.
Em pouco mais de dez anos (1984-1996), é possível identificar estudos sobre o tema nos Estados Unidos, França, Reino Unido, Nova Zelândia, Alemanha, Jamaica e Brasil, sempre destacando a capacidade da cultura local de absorver, ressignificar e transformar símbolos e influências “originais” do hip-hop.
Essas pesquisas configuraram um campo acadêmico específico, chamado de hip-hop studies (estudos do hip-hop), que se expande e se diversifica continuamente. O campo tenta acompanhar a evolução imprevisível e permanente da cultura e apresenta investigações sob diversos ângulos.
Doutora em Desenvolvimento, Tecnologias e Políticas Públicas pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB, Janaína Peres alerta que o hip-hop não é um objeto de estudos, mas um movimento que dialoga com questões contemporâneas emergentes.
“A vida cotidiana e a sociabilidade são a própria matéria do hip-hop. Ele não se descola da realidade, não é estático. Os estudos recentes, abarcando questões políticas, religiosas e sua expansão para o meio rural, são evidências de que poderá ser sempre um campo de estudos em transformação e expansão”, detalha Peres.
“As pesquisas acadêmicas servem para gerar e sistematizar dados, principalmente para preservação de patrimônio e para elaboração de políticas públicas”, complementa DJ Savana, artista e licenciada em Letras pela UnB.
Apesar do potencial apontado pela DJ, a área não é muito explorada. É nessa lacuna que se insere a tese Reinterpretando o fluxo das políticas públicas a partir da experiência: do pragmatismo crítico ao Hip Hop da Ceilândia/DF, de Janaína Peres. Segundo levantamento da pesquisadora, dos 330 trabalhos em português no campo do hip-hop apenas um tinha políticas públicas como tema.
“Conversei com o rapper Japão, do grupo Viela 17. As coisas que ele buscava fazer não se resumiam a entretenimento, mas tinham muito potencial ‘público’ e que talvez tivessem capacidade transformadora ainda maior que as políticas estatais em função de sua territorialização, da sua ação na escala local ou microlocal”, conclui Peres.
No contexto recente, instituições de prestígio social começam a oficializar o mérito intelectual dos hip-hoppers. O movimento começou a ganhar força pela inclusão do álbum Sobrevivendo no Inferno (1997), dos Racionais MC’s, na lista de obras obrigatórias do vestibular da Universidade Estadual de Campinas, em 2020.
Em 2023, a Universidade Federal da Bahia aprovou a entrega do título de Doutor Honoris Causa ao rapper Mano Brown. A mais importante honraria acadêmica consagra não só a representatividade do líder dos Racionais MC’s, mas a capacidade de suas narrativas descreverem, criticarem e transformarem a realidade social.
“Temos autoridade em alguns assuntos. Por exemplo, quando falamos de uma nova droga que está na cidade e vemos a rapaziada se matando. Quando rimamos sobre isso, estamos avisando ao Estado de coisas que eles só conheceriam um ou dois anos depois”, explica Rivas, rapper, b-boy e grafiteiro do Distrito Federal.
RUPTURA NARRATIVA
Com o passar dos anos, o aprofundamento nas pesquisas sobre o hip-hop trouxe perspectivas relevantes para esvaziar estereótipos e reconhecer os méritos de outros atores. Dois exemplos podem ser conectados à história dos pioneiros do movimento nos Estados Unidos.
A tríade de fundadores do hip-hop no Bronx compartilha mais que talento, criatividade e ativismo. São todos descendentes de imigrantes caribenhos, que foram para os EUA após a Segunda Guerra Mundial. Kool Herc é jamaicano, Grandmaster Flash nasceu em Barbados e Afrika Bambaataa tem origens nos dois países. Nessas ilhas, principalmente na Jamaica, uma forma de manifestação artística negra e periférica já era comum anos antes do movimento que ocorreu em Nova Iorque.
Em Rap: Ritmo e Poesia – Construção identitária do negro no imaginário do rap brasileiro, tese de doutorado defendida na UnB, Volnei José Righi conta que representantes dos movimentos negros de Kingston (Jamaica) instalavam sistemas de som nas ruas das favelas para animar a população em bailes comunitários.
O autor ainda destaca que a situação de miséria nas periferias da cidade, durante os anos de 1960, impulsionou discursos ideológicos dos toasters, rimadores jamaicanos que entoavam um canto falado sobre violência, política e temas mais polêmicos, como sexo e drogas.
Narrativas menos difundidas sobre o movimento se estendem a outros pontos.
Outros contextos fora de São Paulo precisam ser valorizados como protagonistas da história do rap nacional, como Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza
Na obra Se liga no Som: Transformações do Rap no Brasil, Ricardo Teperman destaca os pesquisadores que conectam o rap a griôspoetas e cantadores sábios das savanas africanas.
O antropólogo também menciona vertentes que consideram o rap como uma variante do repente e da embolada nordestinos. Ainda há MC’s que defendem que a sigla corresponde à expressão “Revolução Através das Palavras” ou “Ritmo, Amor e Poesia”.
“Mais do que explicações, essas são interpretações, e defender uma delas é uma espécie de alinhamento ideológico, que terá impacto no modo como essa música se situará no mundo social”, completa Teperman.
O HIP-HOP NO DF
A participação de Brasília na construção nacional do hip-hop é outro contraponto às narrativas que dominam a historiografia tradicional brasileira, em geral acometida pelo que se pode chamar de são paulo centrismo.
Para a pesquisadora Camilla Spíndula Moreira, em Composições da violência: periferia, cidadania, política e identidade no rap Planaltina, apesar da reconhecida importância da cena paulistana para o desenvolvimento do hip-hop nacional, outros contextos precisam ser valorizados como protagonistas, como Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza.
É ilustrativo o caso de Nelson Triunfo, pioneiro do movimento e associado à estação de metrô de São Bento (SP). Antes de desbravar o território paulistano, Nelsão já dançava em Sobradinho, região próxima à Brasília. Foi lá que nasceu o grupo Funk e Cia, referência da gênese.
O Distrito Federal também é pioneiro quanto aos primeiros discos de rap do país. Entre 1986 e 1989, as equipes de som paulistanas lançam as primeiras coletâneas do rap nacional: A Ousadia do Rap (1986), pela Kaskata’s; O Som das Ruas (1988), pela Chic Show; e Consciência Black Volume I, pela Zimbabwe (1988).
Em seguida, o grupo Região Abissal solta Hip Rap Hop (1988), seguido por Corpo Fechado, primeiro disco de Thaíde & Dj Hum e obra fundamental do rap brasileiro, lançado em 1989. No final desse mesmo ano, veio A Ousadia do Rap de Brasília, de DJ Raffa e Os Magrellos. Com exceção das coletâneas, o álbum do grupo do DF é o terceiro do gênero lançado no país.
Além da vanguarda, o rap do Distrito Federal sempre teve projeção nacional e produziu obras consagradas, conquistando prêmios importantes. Entre os artistas, destacam-se: GOG; DJ Raffa Santoro; DJ Jamaika; Ariel Feitosa; Rapadura; Zulu Breakers; e os grupos Cirurgia Moral, Câmbio Negro, Atitude Feminina e Relato Bíblico.
Dê o play nessa seleção de raps históricos do DF: