Num mundo sufocado pelos excessos, propomos um momento de reflexão. Sugerimos uma pausa diante das fotos vencedoras do concurso Universidade de Brasília: 60 anos em 6 imagens. Documentos filtrados pela subjetividade de seus autores, num tempo em que parece cada vez mais visionária a pergunta do filósofo Walter Benjamim, datada de 1931:“mas no futuro não terá de ser considerado analfabeto quem não souber ler fotografias?”

Selecionamos os vencedores na esperança de dar conta das múltiplas possibilidades de representação da UnB, e, assim, apontar caminhos. Não há efeitos especiais nas fotografias. Apenas enquadramento preciso e limpo, clareza de pensamento e doses de ousadia.

Na categoria Arquitetura, o desafio foi reinterpretar o espaço muito particular da Universidade que tem as dimensões de uma cidade. Frederico Lamego demonstra a precisão de seu olhar, sem desperdícios, em preto e branco; Raphael Greenhalgh revela o inesperado quase abstrato dos detalhes, e Rachel Batista apresenta cantos e quinas dos prédios em um ensaio que nos leva a pensar nos limites da própria fotografia.

Na categoria cotidiano, as imagens apresentam o espaço da UnB como um lugar ocupado, livre e amplo, a síntese do seu projeto original, sempre em renovação. Letícia Carvalho traz sua experiência de ver e viver o campus, Thales Lima apresenta sutil e silencioso mergulho na relação entre os transeuntes e o contraste das múltiplas luzes nos edifícios e seus espaços, e Jorge Diehl revela que os caminhos da Universidade são muitos, novos e únicos, para quem desejar e puder vivenciá-los. A Universidade é um espaço praticado.

O resultado é um convite a ver, rever e pensar, tarefas primeiras da fotografia, sobre nosso mundo e nosso lugar no mundo. A UnB renova-se com essas imagens!

1º lugar na categoria arquitetura, 60 anos em 6 cantos apresenta os prédios da UnB sob ângulo inovador e tensiona os limites da fotografia. Foto: Rachel Batista.