Edição n° 29

Por uma ciência feminista

Como a interseção entre feminismo e ciência pode transformar nossas perspectivas e práticas em prol de um mundo mais justo e igualitário.

Texto: Gisele Pimenta | 3 jun. 2024

Estudantes da UnB. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

“O feminismo é para todo mundo”. A frase que estampa a capa de um dos livros de bell hooks, traduzido no Brasil em 2018, resume o espírito desta edição da revista Darcy, publicação que há mais de uma década defende a mudança social por meio do conhecimento científico acessível, democrático, crítico e emancipador. Parafraseando uma das mais importantes intelectuais do mundo contemporâneo, ousamos dizer que também lutamos por uma ciência feminista para todo mundo.

As reações violentas contra o feminismo crescem em escalada, mas a maior parte das pessoas ainda desconhece o que o movimento significa. Sobram estereótipos e falta compreensão de que o feminismo é uma ação consciente contra a exploração e a opressão das mulheres, que ainda são vistas como inferiores aos homens. Trata-se de direitos, igualdade, liberdade, justiça e transformação social.

Pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2023) revela que 49% das pessoas concordam que homens são melhores líderes políticos e 28% acreditam que a universidade é mais importante para eles do que para as mulheres. No que diz respeito à ciência, estudo da Unesco comprova que a desigualdade de gênero se intensifica nos postos mais valorizados, majoritariamente ocupados por homens. Essa discussão é esmiuçada nesta revista por meio da apresentação de dados e depoimentos sobre as dificuldades de ascensão das cientistas na carreira.

As reportagens do dossiê explicam, em linguagem simples, conceitos importantes sobre o feminismo, como patriarcado, misoginia, sexismo e interseccionalidade. Além disso, a edição traz uma entrevista com a psicóloga Valeska Zanello, que retrata a importância da construção de formas de amar que não diminuam as mulheres e que não as submetam a situações de violência. Na seção A Última Flor, demonstra-se como heranças da nossa língua reiteram o machismo presente em situações cotidianas.

Os conteúdos desta Darcy destacam o quão longe a UnB pode chegar, dos extremos do planeta ao espaço. É o caso da colaboração da Universidade com um programa da Nasa para identificar fungos em aeronaves, sondas e cápsulas que saem e chegam das missões em Marte. Conversamos com o renomado microbiologista Kasthuri Venkateswaran, cientista sênior da agência espacial estadunidense.

Pesquisadores da UnB também foram às terras geladas do Ártico para a primeira expedição científica oficial do país no Polo Norte. Agora, os materiais coletados estão no Herbário da instituição, o maior acervo de briófitas da América Latina. As amostras são fonte para descobertas e poderão ser estudadas por cientistas das próximas gerações.

Comemoramos ainda os 50 anos da cultura hip-hop com a reportagem sobre os marcos do movimento e a pluralidade de manifestações do rap, do break e do grafite no Distrito Federal e no mundo. Na área da tecnologia, contamos sobre o projeto inovador que desenvolve sensores para identificar microplásticos e pesticidas nas águas do DF. Falamos também sobre inclusão por meio de jogos para o ensino de Libras.

Nesses tempos em que a região Norte do país sofre com a pior seca da história, fechamos a revista com belas imagens de rios e peixes de água doce, uma alusão à importância da preservação dos ecossistemas.

Vamos pensar conosco? Boa leitura!

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